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Grupo Mães Atípicas deve virar associação em setembro

Nuzia Maria da Silva é representante do Grupo Mães Atípicas, que deve virar associação em setembro
Nuzia Maria da Silva é representante do Grupo Mães Atípicas, que deve virar associação em setembro

Por dentro medo, insegurança, dúvida e incertezas sobre o futuro. No dia a dia, as dificuldades de conciliar trabalho e terapias, além dos olhares de preconceito. Esses são alguns sentimentos e situações que mães atípicas [termo que define mães com filhos com alguma condição como deficiência, síndrome ou transtorno]tem que lidar no decorrer na maternidade. E a jornada é exaustiva.

Para tentar amenizar essa situação é que existe o Grupo Mães Atípicas de Santa Gertrudes, que está em fase final de formalização para virar uma associação. A informação é da representante grupo, Nuzia Maria da Silva. A escuta, a convivência e os encontros onde as mães dividem seu cotidiano são os objetivos do agrupamento que realizou em agosto de 2024 o 1º Encontro de Mães Atípicas.

“Neste encontro convidamos especialistas como terapeuta, fonoaudióloga, além de um líder evangélico, porque acredito que as mães precisam de força para essa jornada difícil”, explicou Nuzia. Para além do encontro, o grupo realiza ainda rodas de conversas, sempre com o objetivo de oferecer conforto para as mães atípicas.

Nuzia adianta que um segundo encontro já está sendo programado e deve acontecer em setembro. “Neste encontro vamos apresentar a diretoria do Grupo Mães Atípicas, que já estará totalmente formalizado”, explica.

Uma roda de conversa também está prevista para agosto, em data a ser definida. A participação no grupo é gratuita e aberta a todas as mães atípicas. O acolhimento, segundo Nuzia, vai além do autismo, abrangendo todas as deficiências. Os interessados podem entrar em contato pelo (19)99834-5730.

Assista entrevista com Nuzia Maria da Silva e Tatiana Leite Barboza Silva, do Grupo Mães Atípicas de Santa Gertrudes, junto ao vereador Washington dos Vasos (PSDB), realizada no dia 29 de julho no programa Santa em Revista, da Rádio Cidade FM 107.9.

CONQUISTA

Mesmo não formalizado, o grupo já teve uma importante conquista na área da inclusão no município. Com a ajuda do vereador Washington dos Vasos (PSDB), foi implementado em Santa Gertrudes um curso básico de libras. “A primeira turma se forma agora em agosto. A ideia em seguida é montar mais uma turma de libras básico e abrir novas vagas. E para a turma formada oferecer o curso de libras avançado”, explicou.

Nuzia comemora também a criação do Núcleo de Atendimento Multidisciplinar (NAM) Profª Elza Girotto, que atende mais de 100 alunos. O espaço é voltado à inclusão e ao desenvolvimento de crianças com transtorno do espectro autista e deficiências. No entanto, ela reforça que um dos projetos do Grupo Mães Atípicas é a articulação para incluir no serviço a musicoterapia, que vai auxiliar ainda mais os usuários.

PRECONCEITO

De acordo com a representante, o preconceito ainda é grande na sociedade. E muito ainda tem que ser feito para que a inclusão seja efetiva. “É uma caminhada longa que precisa ser mudada. As falas são bonitas, mas a prática ainda precisa de muito”, observa.

Procurando um sentido para a dor na formação do Grupo Mães Atípicas

Nuzia com o neto Miguel, de 8 anos, que foi diagnosticado com transtorno do espectro autista nível 2 de suporte
Nuzia com o neto Miguel, de 8 anos, que foi diagnosticado com transtorno do espectro autista nível 2 de suporte

Nuzia é avó de Miguel Cacimiro, de 8 anos de idade, que foi diagnosticado com transtorno do espectro autista nível 2 de suporte pouco antes dos 4 anos. A notícia foi uma surpresa para a família, que não estava preparada para a situação.

Ela conta que no meio da frustração do diagnóstico, uma vez que tudo era muito novo, sua filha Débora Cacimiro – mãe de Miguel – acabou falecendo no dia 22 de outubro de 2021. “Eu me vi na responsabilidade de cuidar dele. Não sabia nada sobre autismo. Ele já tinha o diagnóstico, mas era tudo muito difícil. A gente não entendia. E eu vivia a frustração da minha filha, as dúvidas e incertezas”, relata.

Neste momento, Nuzia ressignificou a dor da perda da filha e entrou de cabeça no propósito de cuidar de Miguel. “Fazia 30 anos que eu tinha parado de estudar. Hoje faço terapias, libras e inclusão. Foi uma forma que encontrei para lidar com a dor. Existem dias que ainda é dificil a lembrança da minha filha. Mas sigo me dedicando ao Miguel”, conta.

Neste cenário é que ela começou a procurar mães que viviam a mesma situação da filha para poder cuidar do neto. “A maternidade atípica é cheia de preconceitos, dúvidas e incertezas. Então encontrei outras mães quando eu estava na fase de questionamento. O grupo já existia, mas ainda era bem pequeno. Com o tempo ele foi se fortalecendo”, lembra.

Sua dedicação a levou a trabalhar inclusão na igreja. “O projeto foi abraçado pelo Conselho de Pastores e foi neste momento que vi a necessidade de um curso de libras”, explica.

Hoje, para além do Grupo Mães Atípicas, Nuzia realiza palestras onde relata sua história para falar sobre inclusão. O esforço no tratamento de Miguel teve resultado. Segundo ela, hoje ele caminha para o diagnóstico de suporte nive 1. “Eu atribuo essa evolução à dedicação. Você tem que abraçar a causa e se dedicar. Ir à luta e buscar todos os recursos possíveis”, comemora.

Por fim, ela relata que mesmo diante das conquistas, não foi uma escolha trilhar esse caminho. “É uma missão. Não foi algo que eu escolhi. Eu poderia ter mergulhado na dor, mas eu abracei essa causa por que era necessário”, finaliza.

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Edição de 22 de agosto