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Trabalho: Depressão recorrente é principal motivo de afastamentos

Dos 56 casos de afastamentos do trabalho registrados em 2024, 28.6% se deram em razão do Transtorno Depressivo recorrente
Dos 56 casos de afastamentos do trabalho registrados em 2024, 28.6% se deram em razão do Transtorno Depressivo recorrente

Transtorno Depressivo Recorrente foi o principal motivo de afastamentos do trabalho em Santa Gertrudes em 2024. É o que aponta levantamento feito pelo portal SGon com base nos dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Dos 56 casos registrados no ano passado, 28.6% se enquadram dentro deste grupo. Outros 19.6% se caracterizam por episódios depressivos, enquanto ansiedade aparece com 12.5%. Vício em álcool, uso de drogas e outros transtornos aparecem com menos de 10% cada um no número geral de afetados.

O cenário local é diferente do levantamento nacional, que aponta a Ansiedade como principal fator no mesmo ano. Os números alertam para uma crise geral relacionada à saúde mental no Brasil e que está agravada no município.

De acordo com o levantamento, de 2023 para 2024 houve aumento de 68% no número de afastados do trabalho no Brasil em razão da saúde mental. Em Santa Gertrudes, o crescimento foi ainda maior: 93.1%. Foram 56 registros em 2024, contra 29 em 2023. Com base na série histórica dos dados, de 2012 até 2023, a média de afastamentos no município era de 23 casos. Deste recorte, o maior pico foi em 2013, que contabilizou 32 concessões do benefício do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS), muito aquém do volume de 2024.

De acordo com a psicóloga e especialista em segurança ocupacional, Tatiane Melo Oliveira, estudos sugerem que disposição genética tem fator importante nos diagnósticos de Transtorno Depressivo Recorrente. “Porém não é só isso que influencia. A história de vida, a forma de enfrentamento dos problemas, fatores estressantes, ou seja, situações subjetivas e muito pessoais”, destaca.

Ela explica que o diagnóstico, nestes casos, é feito quando o indivíduo tem vários episódios depressivos ao longo da vida, separados por períodos de remissão. “O que quer dizer que houveram momentos com ausência ou diminuição significativa dos sintomas”, esclarece.

ATIVIDADES LABORAIS


Afastamentos do trabalho: A psicóloga e especialista em segurança ocupacional, Tatiane Melo Oliveira, explica que fatores genéticos e ambientais influenciam no diagnóstico de Transtorno depressivo Recorrente
Afastamentos do trabalho: A psicóloga e especialista em segurança ocupacional, Tatiane Melo Oliveira, explica que fatores genéticos e ambientais influenciam no diagnóstico de Transtorno depressivo Recorrente

São dois os tipos de afastamentos relacionados à saúde mental: os diretamente ligados à atividade laboral e os não relacionados. Ambos registrados de formas diferentes pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. No primeiro caso, a psicóloga esclarece que diversos fatores podem ser considerados como risco para a saúde mental do trabalhador. Trabalho noturno, assédio, má gestão de equipe, pressão, metas inatingíveis e falta de reconhecimento são alguns dos pontos observados pela especialista.

“O trabalho noturno, por exemplo, é um fator considerado como de risco psicossocial, pois toda a vida funcional do trabalhador ocorre numa dinâmica diferente da maioria da sociedade, eles dormem durante o dia, o que diminui a qualidade do sono, a privação dos relacionamentos familiares, entre outros. Outro fator muito claro relacionado aos quadros de adoecimento do trabalhador são situações de assédio, seja moral ou sexual. O assédio causa constrangimento, humilhação, perseguição, que afetam diretamente a autoestima e a segurança emocional, podendo além de depressão, trazer outras questões importantes”, explica.

Ela reforça ainda as questões relacionadas à liderança. “Podemos citar ainda questões relacionadas a liderança, que sempre estão relacionadas a má gestão da equipe, como pressão no ambiente de trabalho, metas inatingíveis, falta de clareza, falta de reconhecimento e apoio, conflitos interpessoais, entre tantas outras situações que acontecem no ambiente de trabalho”, completa.

SOLUÇÕES

No caso dos problemas relacionados ao ambiente de trabalho, Tatiane orienta as empresas a prepararem seus líderes para gestão de pessoas, além de realizarem programas de educação em saúde para o trabalhador. Tudo em consonância com a realização de avaliação de risco psicossocial, prevista no novo texto da Norma Regulamentadora 1 (NR01).

Já nos casos de afastados não relacionados às atividades laborais, ela destaca a necessidade de momentos de autocuidado do trabalhador. “Termos um hobby, momentos de lazer e prazer, fazer atividade física, alimentação saudável, desconectar das redes sociais e se conectar com a vida real, com boas amizades e relacionamentos saudáveis”, ensina.

Edição de 29 de agosto
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