Radio Cidade FM 107,9

Alunos já usam IA. De nada adianta o silêncio das escolas

Diretrizes de IA que não estejam alinhadas às metas educacionais são ou inócuas ou ativamente nocivas, mas nunca benéficas - Foto: Focal Foto
Diretrizes de IA que não estejam alinhadas às metas educacionais são ou inócuas ou ativamente nocivas, mas nunca benéficas – Foto: Focal Foto

Um levantamento da TIC Educação publicado neste mês revelou que sete em cada dez estudantes do ensino médio usam inteligência artificial (IA) para fins escolares. O levantamento, feito no ano passado com mais de 7,4 mil alunos de escolas públicas e privadas de todo o País, mostrou ainda que apenas um terço deles recebeu orientação sobre como usar tais ferramentas.

É possível argumentar, com certa propriedade, que instrumentos de IA inibem os processos de raciocínio crítico e criativo dos alunos; portanto, deveriam ser proibidos. Parece uma solução eficaz, haja vista a magnitude da adoção e a preocupante ausência de diretrizes na maioria das escolas. Mas a verdade é que seria impraticável e contraproducente: estudantes continuariam usando (principalmente os mais ricos), porém sem nenhuma supervisão. Foi o caso do sistema educacional de Nova Iorque em 2024, que meses depois voltou atrás da decisão.

Ainda assim, manter o status quo não é uma opção. O cenário ideal seria a publicação de uma política nacional por parte do Ministério da Educação (MEC), espelhando as recomendações de renomadas instituições internacionais. Reconhecendo a improbabilidade disso, o próximo melhor cenário seria a realização de tal feito por sistemas estaduais, ou mesmo as próprias escolas. Para tal, resta a pergunta: no que consistiria tal política?

Como descrito pelo Fórum Econômico Mundial, o mais importante é o propósito. Diretrizes de IA que não estejam alinhadas às metas educacionais são ou inócuas ou ativamente nocivas, mas nunca benéficas. Obviamente, somente isso não basta, e princípios como integridade e conhecimento devem ser contemplados também.

Uma abordagem interessante é do estado americano de Washington, que adotou a estratégia “humano-IA-humano”. Todo objeto de investigação acadêmica começa com a curiosidade humana, e pressupostos são levantados sem a intervenção da tecnologia. Em seguida, na etapa de análise, a utilização de qualquer ferramenta tecnológica é permitida. No final, volta para o “humano”, e a interpretação do aluno tem de ser autoral. Aqui, a IA potencializa a capacidade acadêmica sem tolher o desenvolvimento de habilidades essenciais do estudante.

Os benefícios não se limitam ao discente. Os professores também se aproveitam da hiper-personalização ensejada pela IA, sobretudo em regiões onde por vezes os recursos mais básicos faltam (como no Brasil). Vale ressaltar que, para isso ocorrer, os educadores precisam ser ensinados como tirar o máximo proveito dessa tecnologia assim como seus alunos.

Reiterando, a melhor possibilidade é a elaboração de diretrizes nacionais pelo MEC. No meio-tempo, faria muito bem às escolas emitirem suas próprias recomendações em linha com a literatura nascente sobre o impacto do tema na educação. Ignorar a IA ou tentar proibi-la tão somente exacerba seus riscos e reduz suas vantagens.

Cia Pé de Cana leva circo, música e oficinas para a região
Jovem atriz de Santa Gertrudes participa de festival internacional
Fest Clip começa nesta quarta-feira e tem programação variada
Edição de 26 de setembro
Amador entra na última rodada com duas equipes eliminadas