Olá amigos,
Obviamente não podemos falar de outra coisa a não ser o fim dos testes da pré-temporada, nesta sexta-feira no Circuito da Catalunha, em Barcelona. Carros de F1 na pista, agora, só dia 13 de março no primeiro treino livre do GP da Austrália, etapa de abertura do campeonato.
Olha, amigos, se como regra já é difícil fazer uma leitura minimamente precisa da ordem de forças das equipes nessa fase de preparação, este ano está ainda mais complexo. Vimos a Mercedes de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas dominar os três primeiros dias de treinos, na semana passada, com impressionante ritmo na simulação de corrida, bem mais rápida que os adversários.
Ficou clara, também, a evolução do conjunto chassi-motor da Red Bull-Honda. E a Ferrari deixou no ar apenas dúvidas, não tivemos uma ideia sequer do potencial do carro de Sebastian Vettel e Charles Leclerc.
Hoje, depois dos três dias da segunda série de treinos, o que emergiu foi que a Mercedes de fato parece ter projetado um carro rápido. Mas, acredite, não confiável. Em especial o seu motor. A Mercedes teve quatro motores quebrados nos seis dias, dentre os que estavam no seu modelo W11 e no FW43 da Williams. É muita coisa.
Não se esqueça de que o regulamento estabelece que cada piloto pode usar, no máximo, três motores do primeiro dia de treinos, na Austrália, à última corrida do ano, dia 29 de novembro, em Abu Dhabi. Se a Mercedes não resolver os problemas de confiabilidade do seu motor não vai adiantar muito Hamilton e Bottas se mostrarem os mais velozes.
Mas se levarmos em conta o histórico da Mercedes nessa era da tecnologia híbrida, iniciada em 2014, o grupo de engenheiros liderado por Andy Cowell resolverá logo os problemas de resistência do seu motor.
A Red Bull estreou neste segundo teste o pacote aerodinâmico que usará na prova inicial do mundial, em Melbourne, em pouco mais de duas semanas. Mas o ótimo Max Verstappen não pôde avaliá-lo como seria necessário por ter perdido o controle do seu modelo RB16-Honda, danificando-o. De qualquer forma, nunca na era híbrida da F1 a Red Bull começou tão bem um campeonato.
A Ferrari finalmente mostrou, nestes dois últimos dias de testes, que seu estágio não está tão distante da Mercedes e Red Bull, como deu a entender nos três primeiros dias. Os italianos mudaram sua estratégia. No ano passado saíram de Barcelona como favoritos para os primeiros GPs do calendário. Mas vimos na Austrália que não eram tão fortes como os testes em Barcelona sugeriam.
Este ano eles não se preocuparam em estabelecer os melhores tempos dos treinos, apesar de ontem, quinta-feira, Vettel ter sido o mais rápido, mas provavelmente sem estar no limite do SF1000.
O que isso tudo quer dizer? Que o resultado da sessão de classificação do grid da etapa de Melbourne está completamente aberto. Bem como ao longo das 58 voltas na pista de 5.303 metros.
Eu não aposto em nenhuma das três grandes. Ok, se tivesse de apostar dez fichas, colocaria 4 na Mercedes, 3 na Red Bull e 3 na Ferrari.
É bom que seja mesmo assim. Se há algo que afasta fãs da F1 é a previsibilidade do que irá ocorrer. Desta vez, felizmente, não é o caso.
O bom dessa história de desconhecermos a força de cada um é que a luta a seguir, dentre os times que vão lutar para ser o melhor depois das três do primeiro pelotão, deverá ser espetacular. É verdade que um deles se mostrou mais bem preparado, a Racing Point. Há um motivo para isso: a escuderia do milionário canadense Lawrence Stroll está utilizando o carro que Lewis Hamilton usou, no ano passado, para ser campeão do mundo, com diferenças mínimas, só para disfarçar e não ser reprovado pelos comissários.
Mas eu esperaria para ver como será esse combate provavelmente ponto a ponto entre Racing Point, McLaren, Renault e talvez Alpha Tauri. As demais, Williams, Haas e Alfa Romeo, não demonstraram poder responder com o mesmo ritmo. Mas, como mencionado, os testes deste ano são absolutamente inconclusivos.
Chamo a atenção para o salto de performance da Williams. É bem possível que o ótimo George Russell não vá largar sempre na última fila. Temos elementos para imaginar que haverá luta com a Haas e a Alfa Romeo para não ficar em último.
Como escrevi, nada impede de nesses pelotões assistirmos a grandes surpresas. No primeiro, onde devem estar Mercedes, Red Bull e Ferrari; no segundo, possivelmente ocupado por Racing Point, McLaren, Renault e talvez Alpha Tauri; e o terceiro, onde se espera que seja ocupado por Williams, Haas e Alfa Romeo.
Tem mais uma coisa: todos os anos vemos que o que acontece na primeira corrida do ano não é o que, em geral, assistimos depois. O Circuito Albert Park, em Melbourne, não é permanente, é criado dentro de um parque. O asfalto é liso, escorregadio. Teremos de esperar a prova no Circuito de Sakhir, o primeiro autódromo permanente da temporada, para entender melhor o que cada equipe pode produzir nos primeiros GPs.
Torçamos para um mundial dos mais disputados. Não é impossível. Abraços.